
Em pleno período de férias acadêmicas, a segunda edição da Escola Internacional de Energia Solar lotou o auditório da Faculdade de Tecnologia (FT) da Universidade de Brasília. Em pauta estão os Desafios globais e oportunidades em energia solar, palestra ministrada por Cédric Philibert, da Agência Internacional de Energia (IEA); Os desafios da geração de energia no Brasil e o papel da energia solar, por Cristiano Augusto Trein, do Ministério de Minas e Energia; Recurso solar em território brasileiro, por Chigueru Tiba, da Universidade Federal de Pernambuco.
O professor da FT Mário de Siqueira, coordenador da Escola Internacional de Energia Solar, ressaltou que a presença de tantos alunos, professores e pesquisadores no evento é muito importante. “É muito bom ver esse interesse e essa plateia que temos aqui. Precisamos disso para formar pessoas e manter a chama acesa, porque é muito difícil sair da inércia e fazer acontecer. Não podemos deixar o sol de fora da nossa matriz energética", afirmou Siqueira.
Segundo Antônio Brasil, diretor da Faculdade de Tecnologia, a FT está muito orgulhosa por sediar essa semana de debates, receber palestrantes brasileiros e internacionais, e alunos da UnB e de outras universidades do país. “Temos 90 profissionais e 270 inscritos. Isso tem consequências de futuro e de presente muito importantes. Toda essa ação de formação com diferentes parceiros faz com que essa temática comece a estabelecer uma maturidade,” avalia.
O gerente da área de pesquisa da empresa Furnas Centrais Elétricas, Nelson Araújo, elogiou a iniciativa da Escola Internacional de Energia Solar, que é uma parceria entre a Universidade de Brasília, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH. “Quero agradecer à UnB pela oportunidade de fazer essa capacitação, tanto de alunos como de profissionais, com os players de mercado envolvidos diretamente. Essa aproximação do mercado com a academia é o que realmente faz o diferencial dessa Escola,” acredita Araújo.
Kordula Malhlhart, primeira conselheira da Embaixada da Alemanha, contou brevemente a experiência desse país na adoção da energia solar em sua matriz energética, e fez comparações com o Brasil. “Na Alemanha, com a decisão de abdicar da energia nuclear, foi necessário, em curto prazo, reformar todo o abastecimento de energia e nos voltar para as fontes renováveis. Em pouco tempo, e em condições bem mais difíceis que aqui no Brasil, conseguimos aumentar significativamente a participação de energias renováveis, especialmente a energia solar, na matriz,” afirmou, ao reforçar que esse foi um projeto que recebeu grande apoio da sociedade alemã.

“Mas, certamente, na Alemanha não dispomos do privilegiado potencial natural do Brasil, que no passado, sem o uso solar, tornou possível que cerca de 80% da produção energética do país já fosse de energias renováveis”, concluiu Kordula Malhlhart.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (CREA-DF), Flávio Correia, considera que capacitar profissionais na área é imprescindível. “É uma grande oportunidade de trabalho que se abrirá nos próximos anos no Brasil. Hoje, o maior complexo do mundo, localizado na Califórnia (EUA), é cem vezes maior que a usina instalada em Tubarão (SC), que tem capacidade instalada de 3 megawatts (MW). A previsão é que a energia solar no nosso país chegue, em 2023, a um total de 195 mil MW”, lembra.
Correia avalia a parceria entre a Alemanha e a Escola Internacional de Energia Solar como fundamental, por se tratar de um país cuja geração de energia renovável já supera 25 mil megawatts e é referência mundial no assunto. “Nos colocamos à disposição para, com todos aqui envolvidos, lutarmos para que a energia solar se consolide e para termos, em Brasília e no Brasil, uma energia limpa e sustentável, com custos acessíveis,” afirmou o presidente do CREA-DF.
O secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, André Lima, também usou Brasília como exemplo para impulsionar a adoção da energia solar fotovoltaica no país. Segundo ele, a capital federal é hoje totalmente dependente de hidrelétricas e é necessário diversificar a matriz. “Há estudos consistentes que mostram que essa dependência nos torna vulneráveis. Criamos um grupo de trabalho, chamado Brasília Solar, com o desafio de buscar acelerar esse processo. Começamos a debater a possibilidade de incentivos tributários para quem utilizar essa energia”, contou Lima, que, na sequência, propôs uma terceira edição para a Escola Internacional de Energia Solar.

Para o reitor da Universidade de Brasília, Ivan Camargo, o Brasil precisa investir nessa fonte de energia como política de Estado. "A UnB também tem que servir como exemplo. Será preciso instalar muitos painéis solares para o nosso consumo interno, mas a curva de carga da Universidade e a curva de geração dos painéis solares são muito parecidas. Em 2016, temos um orçamento de R$ 20 milhões liberado pela bancada do Distrito Federal para a instalação de painéis solares na UnB. A liberação desse dinheiro seria um passo muito importante”, declarou Camargo.
ESCOLA – A Escola Internacional de Energia Solar – International School on Solar Energy (ISSE) – tem parcerias importantes com universidades, companhias de energia, indústrias, agências internacionais e agências governamentais. A segunda edição do evento, que vai até esta sexta-feira (4), tem por objetivo explorar desafios tecnológicos na conversão de energia solar no contexto de sistemas fotovoltaicos e sistemas heliotérmicos. Casos de sucesso na implementação de sistemas de aproveitamento de energia solar serão apresentados junto a palestras ministradas em inglês e em português.