
Determinação, suor e persistência. Essa é a fórmula compartilhada pelos estudantes-atletas Nayara Chagas e Lucas Scaravelli para acumular resultados expressivos em competições esportivas nacionais e internacionais. Ela, aluna de Educação Física, acaba de conquistar a medalha de ouro no pan-americano de duatlo, disputado em Cali, na Colômbia. Ele, calouro de Pedagogia, está entre os melhores do país em corridas de 5 mil metros e coleciona seis medalhas de ouro em Jogos Universitários Brasileiros (JUBs).
"Foi uma boa surpresa. Comecei a abrir distância e vi que tinha chance de vencer", conta Nayara sobre a vitória no país vizinho, no fim de julho. Ela explica que chegou a ser acompanhada de perto por atletas da Guatemala e da Argentina na última etapa da prova, mas conseguiu imprimir ritmo forte para garantir o topo do pódio. No pan de duatlo, os atletas intercalam 15 km de corrida com 40 km de ciclismo.
A vitória garante a Nayara vaga no mundial da modalidade em 2016. Ela também poderia participar da competição este ano, mas não conseguiu os recursos necessários para viajar para a Austrália. Essa é mais uma das barreiras enfrentadas pela brasiliense para competir em alto nível. Na lista das dificuldades, também está a falta de estrutura adequada para treinos. "O rendimento poderia ser melhor se pudesse contar, por exemplo, com um fisiologista", afirma. A atleta também busca auxílio para conseguir comprar uma nova bicicleta, compatível com a das competidoras de ponta. O investimento seria de pelo menos R$ 20 mil.
SONHO OLÍMPICO – De maneira similar, sucesso e adversidade acompanham a trajetória de Lucas Scaravelli. Multicampeão universitário e protagonista em corridas em todo o país, o estudante tem marcas que o fazem almejar o índice olímpico. "Há alguns anos perguntei ao Edilberto Barros, meu treinador: você acha que tenho condições de disputar as Olimpíadas? A resposta foi que eu só não disputaria se não quisesse", conta ele, que é graduado em Sociologia, pela Universidade de São Paulo, e em História, pela Upis.
A confiança continua em alta, mas há pedras no caminho. Lucas lamenta não poder participar de etapas internacionais do circuito olímpico, o que impede a preparação ideal e a vivência desse tipo de competição. "Criei um conta de crowdfunding [financiamento coletivo], mas não consegui os recursos para as viagens", explica.
Para alimentar o sonho de correr os 5 mil metros nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, o plano agora é disputar provas e treinar no Quênia e nos Estados Unidos. Para isso, espera contar com patrocínio. "Brasília é uma cidade com cultura de autarquias, não de empresas. E isso tem impacto no apoio ao esporte. É importante que as empresas participem mais", avalia, ao lembrar que, do Distrito Federal, já saíram grandes nomes do atletismo mundial, como Marilson dos Santos e Joaquim Cruz.

SUPERAÇÃO – Dificuldades à parte, os estudantes demonstram alegria com as carreiras esportivas e orgulho em representar a Universidade de Brasília. "Sempre vi a UnB como um sonho de consumo. É muito bom estar aqui", afirma Lucas, que pretende migrar para a Faculdade de Educação Física e um dia atuar como treinador. Nayara, medalhista nos JUBs de 2011 pela instituição, agradece o apoio da Universidade. "A UnB tem ajudado bastante com auxílio-viagem e apoio para hospedagem", diz ela, que conseguiu apoio da Diretoria de Esporte, Arte e Cultura (DEA/DAC) para se hospedar na Colômbia e é apoiada pelo Programa Bolsa Atleta Universitária (PBA/UnB).
Coordenador de Esporte da DEA, Carlos Alberto Diniz avalia que a presença de atletas de alto rendimento na comunidade impulsiona a prática desportiva. "Fico feliz com a satisfação deles em vestir a camisa da UnB. Isso estimula os outros esportistas que os têm como espelho", diz. O gestor avalia a Universidade como "um grande celeiro de atletas" e afirma que a instituição tem buscado, dentro das limitações orçamentárias, "garantir apoio e melhores condições para o desenvolvimento do esporte".