
O Brasil teve participação de destaque nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto. Foram 109 medalhas de ouro, 74 de prata e outras 74 de bronze. E, pela primeira vez, atletas brasileiros do tiro com arco subiram ao lugar mais alto do pódio da competição continental.
Nas últimas três edições dos jogos – Rio, Guadalajara e Toronto –, o Brasil alcançou o primeiro lugar geral no quadro de medalhas. O destaque desta edição ficou com o número de medalhas de ouro conquistadas pela delegação brasileira, que foi superior ao das delegações do Canadá e dos Estados Unidos juntos. Esses países foram, respectivamente, segundo e terceiro lugar nos Jogos.
A Universidade de Brasília teve representantes na competição. Dois ex-alunos adicionaram medalhas à vitoriosa campanha brasileira em Toronto. Luciano Rezende e Thaís Carvalho voltaram com ouro e prata na modalidade de tiro com arco recurvo.
Luciano é ex-aluno do curso de Direito, mas ingressou pela primeira vez na UnB no curso de Geologia. Além da guinada acadêmica, Luciano fez também guinadas ao longo de sua carreira esportiva. O arqueiro começou no futebol, mas praticou também natação e basquetebol até encontrar, na Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial (CETEFE), o esporte em que hoje é campeão.
Luciano já disputou os campeonatos mundiais de 2010 e 2013 da modalidade, além de ter no currículo os dois últimos Jogos Parapan-Americanos. “Tranquilidade e paciência são necessárias para se disputar o tiro com arco”, pontua.

De Guadalajara a Toronto, Luciano saiu de desclassificação nas quartas de final para alcançar o ouro. “Foram quatro anos de muito treinamento até me superar e sair com a vitória”, comemora.
O arqueiro acredita que a medalha tem ainda mais valor, pois a disputa foi realizada contra um dos principais nomes do esporte, Eric Benett. A conquista se deu após Benett empatar a vantagem de 4 pontos aberta por Luciano. Diante da pressão do americano, Luciano reagiu com duas notas 10 e ficou com o ouro.
A história de Thaís começou no tênis de mesa, passando pelo badminton praticado no mesmo CETEFE. A ex-aluna do curso de Ciências Biológicas da UnB hoje concilia os treinos com o trabalho de servidora da Secretaria de Saúde do GDF. Apesar de recente, a carreira de Thaís no esporte já é exitosa e inspiradora.
Thaís passou por uma série de complicações que a afastaram do esporte, mas não a impediram de persistir. “Em 2012 precisei fazer uma cirurgia na perna. No ano seguinte meu pai adoeceu. E ainda, em 2014, optei pela amputação da minha perna”.
Em Toronto, Thaís disputou a semifinal com a conterrânea Patrícia Layolle e garantiu a classificação para a final contra a americana Natalie Weiss. “A disputa contra a Patrícia foi bastante acirrada, flecha a flecha. Até que eu decidi na flecha de morte”.

A “flecha de morte” é um tiro dado para desempatar uma disputa classificatória. Na final, a americana superou Thaís por 6 a 2 e levou o ouro, mas não tirou da atleta o orgulho da conquista da medalha. “Conquistei uma medalha e 536 pontos que garantiram mais uma vaga para o Brasil no Parapan do Rio”, comemora a atleta.
RIO 2016 – Como país-sede, o Brasil tem uma vaga reservada para seus atletas em cada disputa. Com as pontuações de Luciano e Thaís, no Parapan de Toronto, mais uma vaga foi aberta nas Paralimpíadas do Rio. Ainda neste mês, os arqueiros vão disputar o campeonato mundial da categoria na Alemanha. “Buscamos melhorar nossa colocação no ranqueamento geral e queremos a terceira vaga paralímpica na modalidade”, mira Thaís.